Deixou saudades: Revista Bizz/Showbizz

A revista Bizz, do grupo Abril, foi produzida inspirada em revistas similares estrangeiras como a Rolling Stone,tendo edições mensais. Circulou de 1985 até 2001. Teve um retorno 4 anos depois, para encerrar suas atividades novamente em 2007. 



A primeira edição da revista Bizz se baseou em pesquisas feitas junto ao público que acompanhou o Rock in Rio I, em 1985. A revista acompanhou o 'boom" do Rock Brasil e as inúmeras bandas que surgiram nos anos 80: Legião Urbana, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão, Kid Abelha, Plebe Rude, Heróis da Resistência, e mais tantas. A revista Bizz não se restringia apenas à música, mas também cinema, moda e cultura pop.



As edições da Bizz/Showbizz traziam várias edições com pôsteres da bandas e artistas que faziam sucesso na época.

Após a criação da Editora Azul (1986), responsável pelas publicações da revista Bizz, a mesma passou a se dedicar somente à música, já que outra revista foi criada para o público cinéfilo, a revista Set, no ano seguinte.

Com editores e equipes de criação muito ativos, a revista foi passando por vários projetos gráficos e mudanças de logotipo ao longo do tempo. Muito disso foi devido a nova realidade de estilos que surgia: sertanejo-brega e lambada, e a predileção de muitas rádios por estes gêneros. Poucas bandas dos anos 80 ainda estavam no mesmo nível em princípios dos anos 90: Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, e era preciso manter o público interessado nos gêneros principais da revista: Pop, Rock, Metal, Rap, Reggae.

Outro razão que motivou uma remodelagem no estilo da revista foi a realização do Rock in Rio II, em 1991, e a inauguração da MTV Brasil no ano anterior. O público brasileiro, mais do que nunca, queria saber das novidades de bandas estrangeiras. Guns N'Roses, Faith No More, INXS, Sepultura (apesar de brasileira), Megadeth, passaram a ser figurinhas carimbadas nas edições da revista.



A revista acompanha a renovação do cenário musical brasileiro, com novas bandas e estilos. A banda Skank, até então desconhecida, saiu numa capa de edição no ano de 1993. 

1994 foi um ano bem produtivo para a revista, afinal, não faltou assunto. Não só os Raimundos estouraram, como um estilo revolucionário surgia nos mangues de Pernambuco: Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre SA, Otto, Mestre Ambrósio, dentre outras bandas, apresentavam para o país o Manguebeat.

Em outubro de 1995, com o sucesso da MTV Brasil atingindo os jovens, a revista mudou seu nome para Showbizz. Neste período, a revista também começou a passar por uma reformulação, deixando um pouco de lado o estilo teen, abrindo o foco também para a MPB. Esta modificação começou a partir de 1998, quando o carioca Pedro Só assumiu o cargo de redator-chefe.





No início do ano 2000 a Editora Azul anunciou que a revista voltaria a se chamar Bizz, após a sua associação com a Editora Símbolo.

Pedro Só deu lugar a Emerson Gasperin, que procurou optar por grandes matérias históricas e dar lugar para música eletrônica e raridades do cenário nacional.





Em julho de 2001 a parceria Azul-Símbolo se desfez e a revista passou a ter somente edições especiais ocasionais. Em 2005, a Editora Abril decidiu relançar a Bizz. Porém, a ideia durou pouco tempo: em julho de 2007 a Bizz teve a sua última edição mensal lançada, com o cantor Devendra Banhart na capa. 

Tendo o lançamento da concorrente Rolling Stone no Brasil e com vendas modestas, a Bizz enfrentou grandes dificuldades. Passou a ter somente alguns exemplares lançados esporadicamente em edições especiais.


Numa época sem internet (ou ainda sem a popularização dela), só quem viveu o período sabe o que é esperar pelo lançamento de uma edição da revista Bizz/Showbizz. E quando vinha com algum CD de brinde era motivo de brilho nos olhos. 





A história da revista Bizz foi contada no documentário em curta-metragem "BIZZ - Jornalismo, Causos e Rock and Roll", lançado em 2012, com direção de Almir Santos e Marcelo Santos Costa e duração de 25 minutos. 



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