Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2021

Enquanto Eu Respirar (2021) - Direção: Thiago Beckenkamp

Imagem
O curta-metragem dirigido e roteirizado por Thiago Beckenkamp tem como pano de fundo um planeta devastado após a extinção da espécie humana.  Um astronauta (Thiago Beckenkamp) caminha pelos escombros de uma cidade em busca de respostas de: como os humanos puderam chegar ao ponto de sua autodestruição? Enquanto Eu Respirar é um Sci-fi existencialista que, para além de questionamentos sobre a humanidade, reflete também sobre questões pessoais. O astronauta, em sua narrativa melancólica, questiona não só como a humanidade não se preparou para o fim, como trabalhou ativamente para aquele destino. Em seu próprio monólogo, o astronauta questionou que, próximo do fim, uns culparam aos outros, ao invés de procurarem uma solução. Isto também vale para os relacionamentos afetivos humanos. O filme ainda nos põe a refletir que a extinção de 8 bilhões de pessoas no planeta e sendo possivelmente evitável, deu-se pouca importância logo que os primeiros sinais surgiram. Aí entra o elemento da questão

Peçanha Contra o Animal (2021) - Direção: Vinicius Videla

Imagem
O longa produzido pelo Porta dos Fundos que mostra a caça do sargento-tenente-major Peçanha ao assassino em série Animal, que faz suas vítimas na Baixada Fluminense, cumpre o que promete em partes. É um filme com muitos altos e baixos; até concordo que tenha mais baixos do que altos, mas é um bom passatempo, ainda mais pra quem costuma acompanhar os materiais produzidos pelo Porta. Não chega a ser um filme ruim, mas falta conteúdo ao roteiro, sendo cansativo em alguns momentos. O personagem Peçanha é engraçado, é caricato, mas o excesso nos exageros e as repetições cansam.  Poderia ter o roteiro, escrito pelo ator que interpreta o Peçanha, Antonio Tabet, um pouco mais de elaboração. Vá lá que é um filme curto, com 67 minutos, porém, fica a sensação de que caberia mais coisas na trama, além da verborragia excessiva e constante do personagem principal em praticamente o filme inteiro. Às vezes, menos é mais.  Um ou outro momento conseguiu arrancar risadas, entretanto, foram poucos. Não só

Ritual de Beleza (2021) - Direção: Fabio Salvador

Imagem
O curta acompanha algumas situações da vida de uma mulher que detém poderes sobrenaturais, tanto para manter a sua beleza, quanto para destruir quem pode ameaçá-la, ou simplesmente que ela inveje. Isabel, a bela e egocêntrica jovem, não mede esforços para conservar a sua beleza. Nem que para isso seja necessário torturar ou matar outras pessoas, através de rituais macabros e violentos. A experiência de se assistir Ritual de Beleza, é que podemos presenciar um filme com ritmo frenético, mas que apresenta de forma muito eficiente o que propõe. A trilha sonora, que ficou a cargo de Feemarx (Not Another Studio) dita o ritmo da trama. E tudo se encaixa perfeitamente. Ritual de Beleza, em seus 10 minutos, sem um único diálogo, transita entre gêneros do Terror: desde o Sobrenatural, ao Trash e ao Gore, e também, com pitadas de Post-Horror. Poderia ficar tosco, não fosse a competência de Fabio Salvador, que além de dirigir, ainda escreveu o roteiro do filme. Some-se também a perfeição com que

Divine: o símbolo máximo da transgressão do cinema underground norte-americano

Imagem
Nascido em Baltimore, Maryland, em 19 de outubro de 1945, Harris Glenn Milstead ficou conhecido como Divine. Nascido numa família de classe média conservadora tornou-se um ícone da contracultura norte-americana no cinema, no teatro e na música, entre os anos 60 e 80. O alter ego drag queen Divine, tornou-se figura central nos filmes do diretor John Waters.  Mondo Trasho (1969), Multiple Maniacs (1970), Pink Flamingos (1972) e Female Trouble (1974) foram algumas das parcerias de Milstead e John Waters. Harris Glenn Milstead passou a montar a personagem Divine quando tinha apenas 16 anos, se inspirando em Elizabeth Taylor. Divine participou de alguns concursos drags, porém, o seu jeito extravagante e escrachado fez com que desistisse deles e procurasse expor o seu talento em outro meio. Procurou e encontrou: com John Waters foi dirente. Com pouca grana e muita criatividade, viraram ícones da cultura underground norte-americana. Praticamente fizeram o cinema tosco virar cult, tendo filmes

Carro de Bois (1974) - Direção: Humberto Mauro

Imagem
O documentário em curta-metragem dirigido por Humberto Mauro nos traz importantes informações do que foi por muito tempo um dos mais comuns meios de transportes de produtos agrícolas do Brasil. Com narração de Hugo Carvana, e com tom melancólico e poético, o filme trata, já em 1974, da substituição do carro de boi por meios de transportes mais modernos. De forma detalhada, nos é mostrado todos os componentes da estrutura de um carro de boi. Além disso, a sua capacidade de transitar em terrenos de difícil acesso. Presente em praticamente todo o filme, o "canto" do carro de boi preenche as imagens captadas juntamento com uma fotografia impecável. Não tem como não remeter à nostalgia, ainda mais para quem cresceu no Vale do Paraíba paulista e, em passeios em família, por pequenas estradas de terra da região, vez ou outra, passava por um carro de boi. Assim como os alambiques de aguardentes da região, o carro de boi é um patrimônio histórico-cultural, não só do Vale caipira, mas

Minha história com Orlando Silva

Imagem
Em novembro de 2017 eu fiz uma descoberta através de um material guardado por décadas pela minha falecida mãe. O material guardava uma história, mantida em segredo, por mais outras tantas décadas anteriores. Datado de 1937, ele me proporcionou a escrita de meu primeiro roteiro de longa-metragem. Por se tratar de uma história real, precisei fazer muitas modificações: cidades, datas, nomes, contextos etc. Todo o primeiro ato girou praticamente em torno de lembranças da minha infância e da vida adulta, até a "descoberta" do material. O segundo ato, um romance entre duas pessoas, foi basicamente inspirado no conteúdo descrito no material. E confesso: tinha muita história. Portanto, ele me propiciou imaginar e criar muita coisa a partir dele e do que havia escrito em suas linhas.  Estudar a década de 30, o Rio de Janeiro dos anos 30, as relações sociais da época, as canções... Eis que me deparo, pesquisando as músicas mais tocadas, nomes conhecidos como Aracy de Almeida, Francisco