O Inferno do Carandiru
O dia 2 de outubro de 1992 não seria mais um dia normal no presídio do Carandiru, localizado em São Paulo.
A penitenciária superlotada era um barril de pólvora, prestes a explodir a qualquer momento. E nesta data tanto o presídio explodiu numa rebelião, como a reação da Polícia Militar paulista foi igualmente explosiva, deixando, oficialmente, 111 presidiários mortos.
Pelas telas da TV através dos noticiários, os brasileiros viam com perplexidade a invasão do presídio pela tropa de choque da Polícia Militar.
Além de reportagens, matérias ou pesquisas sobre o ocorrido no Carandiru em 2 de outubro de 92, outras duas obras são essenciais, ou até mesmo causam uma estranha afinidade, tanto com o presídio quanto com os presidiários.
Lançado em dezembro de 1997, o álbum "Sobrevivendo no Inferno" dos Racionais MC's, traz a história de um sobrevivente do massacre, onde os policiais atiraram em quem estivesse na frente de suas armas. A sétima faixa "Diário de um Detento", mostrou ao Brasil a crise, o cotidiano, a desesperança, a violência, a realidade não só do Carandiru, mas da maioria dos presídios brasileiros. Com batida forte e com uma intensidade sinistra, Mano Brown dá voz às palavras de Josemir Prado.
Em 1999, o médico oncologista Drauzio Varella lançou o livro "Estação Carandiru", e trouxe muitos depoimentos para fora dos muros do presídio. Trabalhando como voluntário, Drauzio ouviu várias histórias, onde muitas entraram para a adaptação cinematográfica do diretor Héctor Babenco, em 2003.
O Massacre do Carandiru não deve ser romantizado e nem comemorado. O Massacre do Carandiru deve sim ser lembrado. Deve ser lembrado, porque 28 anos depois dele ocorrer, o sistema carcerário no Brasil ainda continua falido e sem eficiência, pois a função de recuperação e ressocialização inexiste, assim como em 1992. O que ainda persiste é a violência, seja de facções ou de agentes prisionais ou policiais e a situação degradante a que muitos indivíduos estão expostos. O sentido de recuperação e ressocialização fica cada vez mais impossível quando o Estado se nega, em primeiro lugar, a evitar que pessoas entrem para um mundo que pode levá-las a um inferno tal qual era o Carandiru.
A Casa de Detenção de São Paulo, inaugurada em 1920, foi desativada e parcialmente implodida entre 2002 e 2005, dando lugar ao Parque da Juventude, Biblioteca de São Paulo e ETEC de Artes. Parte do prédio foi mantido e tombado, a partir de março de 2018, pela prefeitura de São Paulo, sendo o Carandiru, parte fundamental da preservação da história prisional no Brasil.
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