A semiótica do cinema de Dorota Kedzierzawska

Nascida em Łódź, na Polônia, em 1957, a diretora polonesa Dorota Kedzierzawska construiu uma carreira cinematográfica pautada em questões sociais bastante delicadas e, por vezes polêmicas, mas com uma sutileza impressionante.

Sua filmografia trata muitas vezes das dificuldades das relações sociais, suas complexidades e, em muitos casos, nos leva para uma viagem de reflexão e existencial. Com muita competência, Kedzierzawska consegue fazer com que o espectador sinta empatia rapidamente por seus personagens e imerja na trama, conseguindo sentir o que ela deseja transmitir.

Há, certamente, influência da filósofa Simone de Beauvoir na construção de suas personagens femininas; partindo sempre da compreensão do contexto social ao qual elas estão inseridas.


Dorota tem sensibilidade enorme também para tratar da compreensão de mundo, medos, conflitos, de crianças em estado de abandono afetivo. A falta ou mesmo o distanciamento afetivo faz com que alguns de seus filmes tenham um clima triste e melancólico.

A forma como os enquadramentos, planos, cores, estão montados são exatamente para transmitir esses sentimentos. Não há como ser diferente se levarmos em conta o contexto de seu filme "O Fim do Mundo", onde um casal de idosos com um relacionamento desgastado tem consciência de toda a dificuldade que são obrigados a enfrentar durante uma velhice assim.

Além de "O Fim do Mundo", de 1988, Dorota Kedzierzawska tem outros importantíssimos filmes que valem muito a pena serem vistos: "Corvos" (1995), "Nic" (1998), "Eu Existo" (2005), "Hora de Morrer" (2007), "Amanhã Será Melhor" (2011), além de outros.

Assistir os filmes de Dorota Kedzierzawska não nos faz apenas ficar algumas horas sentados na frente da TV ou do PC olhando o que se passa em tela. Seus filmes nos conduzem numa experiência de (re)conhecimento, reflexões e questionamentos.

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