Os Últimos Cangaceiros (2015) - Wolney Oliveira
O documentário segue através da oralidade, as lembranças de Jovina Maria da Conceição (Durvinha) e José Antonio Souto (Moreno). Vivendo em Minas Gerais por mais de 50 anos, sempre disseram ter saído do Nordeste devido à seca, porém, com 95 anos, José Antonio decidiu falar toda a verdade: ambos fizeram parte do grupo de cangaço liderado por Virgulino Ferreira, o Lampião.
O conteúdo, por si só, já é de uma riqueza histórico-cultural enorme. O casal de idosos deu uma contribuição extremamente importante para parte da composição da história do cangaço no interior do Nordeste. O cangaço, como forma de resistência, foi um fenômeno baseado no banditismo entre período que remete desde o século XVIII até meados do século XX.
Sendo um assunto controverso, o cangaço é visto por alguns como forma de luta contra um sistema opressor e de exploração das classes dominantes, enquanto que por outros, é visto como grupos criminosos e bandoleiros.
O documentário, além de mostrar a volta de ambos para a região onde nasceram e o reencontro com parentes e amigos ainda vivos, mostra também tantos outros ex-cangaceiros que pertenceram ao mesmo grupo.
A equipe de edição e montagem contou com as importantes imagens feitas por Benjamin Abrahão, libanês responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu líder, Virgulino Ferreira da Silva, e também com a explicação de pesquisadores do tema, para complementar as informações repassadas pelos que viveram aquele período.
O documentário trata de forma viva e intensa, os relatos importantíssimos dos últimos cangaceiros ainda vivos. O filme mostra parte da história do Nordeste e do Brasil, a "história viva", sem efeitos e sem maquiagem; mas em seu estado puro.
"Os Últimos Cangaceiros" é um documentário essencial não só para quem tem interesse no cangaço e na sua história, mas para qualquer um que admira um excelente documentário.
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