7 de janeiro: Dia da Liberdade de Cultos

A data procura reafirmar a importância do direito de liberdade de crença e culto, coisa que contém na Constituição Federal, que no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

Por outro lado, o que vemos são manifestações e denúncias diárias de práticas de intolerância e violência religiosa. A massificação do fundamentalismo "cristão" no Brasil é um fator bastante preocupante, pois dele parte a maioria das ameaças às outras religiões.

Coloquei o termo cristão entre aspas no parágrafo anterior, porque o que vemos é uma deturpação e a formação de uma visão cristã deformada. O crescimento de um setor do neopentecostalismo aliado  a uma vertente radical política fez com que o aumento de poder e representatividade formasse uma anomalia religiosa no Brasil. Intolerante, preconceituoso, violento, raivoso e vingativo, este "Cristianismo" nada tem a ver com o que está no Novo Testamento. Infelizmente, vemos no Brasil a criação de uma seita que distorceu o Cristianismo, que atende uma visão ideológica, política, financeira, e de poder, moldada pela extrema-direita e com uma agenda de costumes retrógrada e anti diversidade. 

Enquanto os radicais e fundamentalistas denunciam que existe "cristofobia" no Brasil, o que vemos realmente de fato é que as religiões de matriz afro são as que mais sofrem ataques. 

Fonte do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos demonstram que no primeiro semestre de 2019, as religiões de matriz afro foram as que tiveram o maior número de ataques, de acordo com o Disque 100.

A melhor maneira de combater a intolerância e a violência religiosa é através de uma educação de qualidade e a busca pelo conhecimento. É importante transmitir que o sagrado de um é igualmente valioso quanto o sagrado do outro; não existe sagrado maior ou menor, embora um certo candidato a presidente tenha dito uma vez que o "Estado é cristão" e que "as minorias deveriam se curvar à maioria". Este é o tipo de discurso ofensivo, criminoso e perigoso, pois conseguiu unificar na sua órbita protestantes, católicos, espíritas, e até ateus e agnósticos, para um tipo de Cruzada anti-tudo o que ele discorda.

É preciso lembrar também que, além da Constituição Federal, o próprio Código Penal, em seu artigo 208 atesta: "Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou pratica de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso. Pena – reclusão de 2 (um) anos a 4 (quatro) anos.”

O Disque 100 é o número para denúncias de discriminação, intolerância e violência religiosa.

Saiba mais: https://www.brasildefato.com.br/2020/01/21/denuncias-de-intolerancia-religiosa-aumentaram-56-no-brasil-em-2019

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