"Tolices, Absurdos e Um Pinguinho de Verdades", de Marcelo Caronesi

Publicado como ebook em janeiro de 2022, a coletânea de contos “Tolices, Absurdos e Um Pinguinho de Verdades” reúne estórias que alternam entre a Comédia mais pura, com alguns traços de Drama, e com forte dose de humor ácido.

“Tolices, Absurdos e Um Pinguinho de Verdades” pode ter, em algum de seus contos, alguma coisa familiar, pois eu, Marcelo Caronesi, não tentei “inventar a roda” ao escrevê-lo. Foi escrito com uma linguagem simples e acessível, tratando de temas que podem – ou não – ter acontecido. Alguns contos podem ser reconhecidos por certos leitores, que, ou presenciaram, vivenciaram ou simplesmente escutaram algo parecido. Isto pode ocorrer justamente por situações tolas e absurdas poderem ocorrer com relativa facilidade, ainda mais no Brasil do século XXI.

O conto um, “A Noiva Chorou” está disponível para leitura, tanto na Amazon quanto no Google Play Livros. Nele, um noivo está estranhamente atrasado para o casamento e, após o choro da noiva, acontecem discussões entre os familiares, mal estar e muita, muita especulação de onde o noivo deveria estar.

O conto dois, “Previsão do Tempo: Tempestade Intensa”, conta a maluca história de Almir, um empresário de uma grande cidade no interior paulista que decide passar alguns dias numa casa de praia com sua amante. Ele tem a “brilhante ideia” de simular um sequestro para conseguir ficar tranquilo na praia e evitando, assim, uma briga com a sua esposa, Ana Célia.

O conto três, “Alucinação Ideológica”, é escrito de forma exagerada – porém, não muito distante da realidade -, envolvendo o período da pós-verdade e em como professores passaram a ser vistos, criticados e atacados por grande parte da população. Juntando um apanhado de coisas que podem ser facilmente encontradas na internet, “Alucinação Ideológica”, retrata como a desinformação tem maior alcance e influência, e o estrago que negacionismo e revisionismo podem trazer.

O conto “O Desespero Em Que Me Vejo”, traz a história de um homem que bebe solitário num bar de periferia. A narração sobre o que fez tornar um ex-pastor num alcoólatra não chega a ser uma crítica, mas demonstra que qualquer pessoa está propensa a perder o controle de sua própria vida.

O que poderia acontecer quando um filho que completa 8 anos quer como tema da festa de aniversário: Polícia Militar? Em “Encenação Perfeita”, nem tudo ocorre como o esperado. Pelo menos, não para os adultos. Para as crianças, tudo foi perfeito.

“Frenesi”, é o sexto conto e, junto com “Pudor” foram os mais difíceis de escrever, não só por serem os com maior carga de erotismo, mas por envolver sentimentos internos bastante fortes dos personagens. Em “Frenesi”, Adriano faz todos os tipos de loucuras, após se apaixonar pela mulher do chefe da esposa.

O conto número 7, “A Casa da Alma Maldita” é um Terror com final surpreendente. Praticamente é impossível escrever Terror sem recorrer a alguns clichês do gênero, porém, também recorri a clichês da vida real: hipocrisia, falso moralismo, mundo de aparências, sensacionalismo e exploração da fé alheia, estão entre as críticas. Mas há um personagem sincero e genuíno na trama.

O oitavo conto, “Deus É Amor?” é uma crítica direta, não ao Cristianismo, mas à distorção feita na fé cristã para atender a interesses políticos-ideológicos. “Deus É Amor?”, é uma revolta de como o Cristianismo deixou de ser, para grande parte da população, uma religião de ética e reforma íntima, para virar uma simples seita, onde as mensagens de Jesus Cristo foram abandonadas, criando-se uma seita onde os principais fundamentos são: a intolerância, o preconceito, o ódio e ira.

“Pudor”, como já foi dito anteriormente, talvez tenha sido mais difícil de escrever, pois envolve a questão da sexualidade. O respeitado psiquiatra Héctor Fortun, desenvolve uma técnica revolucionária de reversão sexual, com o intuito de fazer com que homossexuais se transformem em homossexuais. Vale a crítica à forma que muitos tratam a homossexualidade, como se fosse doença, e a reflexão sobre desejos e sentimentos.

O conto número 10, “Sifu” tem o seu nome inspirado na abreviatura do famoso termo de quando alguém entra pelo cano. Aqui, não poupo críticas às pessoas da classe média que se acham elite e, principalmente, às que utilizam humilhações contra os mais pobres como passatempo. Com certeza, você deve conhecer algum “Oscar”, que conseguiu sair de uma condição sócio-econômica, e mudou a sua personalidade.

“Aconteceu em 69”, traz as lembranças de um personagem sobre os anos de chumbo numa cidade da Grande São Paulo e a paranoia envolvendo comunistas, cubanos, soviéticos etc. Apesar de ser narrado como uma história contada pelo personagem, que fala da chegada de um casal estranho, como vizinhos, o que ele diz pode ser comum. Basta lembrar que um dos termos utilizados no final do conto, foi criado por militares norte-americanos nos anos 1950.

Conto 12: “Operando no Vermelho”, começa com o falecimento de um influente empresário aos 107 anos. Devido a idade avançada, os laços com seus parentes ficam mais distantes, ainda mais numa sociedade consumista. Porém, a herança deixada por ele não era bem o que a família queria.

O conto número 13, é uma analogia a atual situação de polarização e radicalização da sociedade brasileira. Em “A Guerra”, o prefeito Odair Barradas sanciona uma lei que autoriza a realização da Marcha da Maconha na cidade de Camburi. Alguns setores se revoltam, manipulando a população de acordo com os seus interesses, apontando tanto o prefeito como a Marcha em inimigos. Logo, outros personagens serão inseridos como inimigos das pessoas de bem da cidade; afinal “empreendedores morais” precisam constantemente criar inimigos, não é verdade? “A Guerra” é talvez o conto que mais se aproxima da realidade social brasileira e, na sua resolução final, há um filtro que cairia muito bem para mostrar quem é quem na política brasileira e em certas vertentes ideológicas e religiosas.

“O Que Tem Demais?” é um conto familiar, que abre discussão sobre o vício em jogos online e como muitos jovens veem a vida passar. O pai, por sugestão de um psicólogo, decide reaproximar um sobrinho, para ajudar na vitória contra o vício do filho, mas nem tudo sai como o esperado.

O último conto, “Déjà Vu”, assim como o anterior é um conto sobre reflexões familiares e como atitudes erradas podem trazer consequências. Um pai, prestes a virar genro, reflete sobre o casamento da filha e também sobre o seu. Este conto também critica a forma como algumas pessoas procuram esconder seus erros, passando-se por falso moralistas e exigindo moralidade apenas dos outros.

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